Esse tripé é o que deve orientar os gestores das
empresas, promovendo a interação com o meio ambiente, a fim de garantir o
acesso das futuras gerações aos recursos naturais; com o mercado, para
preservar a competitividade e continuidade da empresa; e com seus
colaboradores, levando em conta a responsabilidade social. Temos de
lembrar, no entanto, que, antes de mais nada, é necessário montar um
sistema de gestão, com objetivos claramente estabelecidos. No momento em
se incorpora a sustentabilidade dentro da visão e missão da empresa,
automaticamente, essas três vertentes devem ser contempladas.
Atualmente, os modelos de gestão à disposição das
empresas, que englobam esses três aspectos, são encontrados nas normas
ISO 9001 (Gestão da Qualidade), ISO 14001 (Gestão do Meio Ambiente),
OHSAS, ISO 16001 e ISO 26001 (Gestão da Responsabilidade Social).
Porém, apesar desses modelos de gestão serem
bastante complexos e abrangentes, aderir às normas, por si só, não
garante a sustentabilidade empresarial. Para que esses sistemas
trabalhem de maneira integrada e eficiente é necessário uma diretriz
única, que é a governança corporativa.
A governança corporativa é a capacidade das empresas
de garantir uma gestão eficiente, estabelecendo padrões organizacionais
para enfrentar os desafios internos e externos, com vistas a um bom
desempenho financeiro, ambiental e social. Em resumo, significa
consolidar as boas práticas de board, formando um conselho de
administração competente, com controles externos eficazes (auditoria
externa de terceira parte), que cooperem com o CEO a fim de obter uma
gestão a mais isenta, transparente e eficiente possível.
Isso significa prevenir a adoção de práticas que
podem levar as empresas a conduzir sua linha de atuação baseadas em
políticas equivocadas. Exemplos comuns são o da pequena empresa onde o
proprietário confunda a pessoa jurídica com a pessoa física juntando as
finanças num caixa único. Outro caso comum é o da empresas familiares
que, em processos de sucessão, desagregam-se em grupos de acionistas que
lutam pelo seu controle. Quando conduzidos por critérios não aderentes à
governança corporativa, esses embates entre grupos acabam quebrando a
empresa.
A governança corporativa é um conceito complexo, mas
prepara as empresas para tratar de maneira integrada as restrições
advindas do meio ambiente empresarial, das legislações vigentes em um
país, das regras de comércio internacional, mercado financeiro, entre
outras variáveis. E isso é necessário, pois, cada vez mais, os governos
criam regulamentações sobre produtos, relações de consumo, comércio
internacional, relações com o mercado e meio ambiente. Isso sem falar
nas crises econômicas, especulação financeira, mudanças nos cenários
internacionais, competição com os países emergentes, fatores que podem
abalar até as empresas mais sólidas.
Todas essas restrições contribuem para tornar mais
difícil a tarefa de gerir as corporações com sustentabilidade, no
sentido amplo do termo. O uso de modelos de gestão consagrados e
normalizados ajudam o administrador a focar sua atenção nesses pontos
críticos, que estão fora do controle da empresa. Com isso, ele consegue
ter bases mais sólidas para enfrentar as crises e adversidades, pois
conta com uma estruturada bem organizada e capaz de dar respostas
eficientes às situações adversas.
Daí a importância da governança corporativa,
estruturada nas boas práticas de gestão que geralmente evitam atitudes
pouco recomendadas como a confusão entre pessoa física e pessoa
jurídica, o nepotismo, conflito de interesses, entre outras. E incentiva
a consideração aos acionistas e aos stakeholders, a ética na condução
dos negócios e o respeito ao meio ambiente e às pessoas.
FONTE: Physis SDA
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